O mundo e suas maldades e crenças
Vivemos numa sociedade em que tudo é muito normal. Pessoas morrendo em filas de hospitais? Normal... elas que são vagabundas e não tem condições de fazer plano de saúde, então merecem passar por isso. Drogados nas ruas assaltando? Normal, essa é a realidade do Brasil, e é claro, eles são inteiramente culpados por qualquer atitude. Crianças engravidando? Super normal, cafona é quem espera para ter filhos. Votar junto com a maioria? A coisa mais normal do mundo, é mais fácil, é só escutar a campanha que mais aparece na televisão e perguntar ao vizinho. Teto caindo em faculdade? Sem problemas... ainda é uma ótima faculdade pública! Tanto faz se tem incêndio.
Sabe o que eu acho disso tudo? Desse senso comum ignorante? Que é uma alienação. Resultado do controle efetuado pela mídia e pelas migalhas distribuídas. Se uma UPA é lançada, o governo é ótimo, está pensando nas pessoas daquele lugar... que lindo! Sabe o que eu digo? NÃO! Não é nada lindo, porque quando alguém quer usar o serviço médico pelo qual pagamos através de impostos, na maioria das vezes, não tem médico, ou o atendimento é de má qualidade.
As pessoas perdem tempo julgando umas às outras, quando na verdade, nosso maior inimigo é o Estado. Pensam mal se veem um negro com roupa suja (acham que é ladrão), se veem uma garota segurando um filho, com certeza é filho dela, e não irmão ou primo. Se é tatuado, então concluímos que é rockeiro. Mora na favela? É mal educado, sujo e tende a seguir um mal caminho. "Cuidado com essas pessoas... elas são perigosas!" é o pensamento geral.
O problema é que aprendemos desde cedo, à sobreviver e não a viver. Sair na rua é sinônimo de não confiar em ninguém, reparar e julgar todo mundo e fechar a cara. O mundo é perigoso, e não é fácil andar por aí. A segurança pública não funciona bem, somos impelidos a contratar serviços privados. É assim com a educação, com a saúde e outras coisas que deveriam ser garantidas para prevalecer à maioria e não à burguesia. Quem não tem condições (a maioria), se vê prejudicada por essas situações, mas... para eles, é normal. O que resta é se contentar com o pouco que há.
Aquele garoto que nasceu sem mãe na favela, e sem apoio de ninguém, a não ser do pai bandido, pode virar doutor? Se ele virar bandido, a conclusão do senso comum é que a culpa é dele, porque sabe que é errado, mas está fazendo. Quem disse a ele que é errado? O pai? Acho que não... É foda ser assaltado. Já fui, e tenho raiva. Tenho muita raiva para dizer a verdade. Mas procuro culpar quem não faz nada para mudar a situação, quem PODE fazer, e DEVE fazer, mas não faz.
Espero estar no mundo, quando a humanidade atingir a maturidade necessária para refletir sobre certas coisas, quando as pessoas reverem os seus conceitos e não forem mais controladas mentalmente. Quando o mundo não for tão egoísta, e houver mais amor ao próximo. Aí sim, eu pensarei, "que felicidade ver a evolução estabelecida". "Que alegria ver a bondade das pessoas". Mas infelizmente, esse dia não chegou, e só Deus sabe se vai chegar. Enquanto isso, eu tento fazer minha parte, mostro a todos o que penso. Se estou certa ou errada... aí já é outra questão. Mas, de um jeito ou de outro, é apenas minha opinião, minha visão do mundo.
O que eu quis dizer com isso tudo, é que há condições de melhorar nem que seja pouco, mas para isso, é preciso que as pessoas acordem e pensem de forma crítica, percebam que as coisas não são "normais", são erradas e merecem atenção.
	
Julgar o outro é errado, eu sei. Mas quando esse julgamento é feito de forma racional e crítica visando à melhora de todos, talvez seja certo. Portanto, vou julgar se a política do meu país, que tem gente passando por condições terríveis na época de seca do Nordeste e na época de cheia no Amazonas, faz algo por todas essas pessoas, ou prefere engraxar sapato da burguesia.
	
            